A real situação de seu município é seu melhor discurso
Planejar e conduzir uma campanha eleitoral com base em dados concretos pode não ser suficiente para vencer um candidato carismático, mas acredite, um candidato bom de voto irá sofrer mais que o necessário, se a sua campanha não conhecer direito as mazelas e os potenciais de seus potenciais eleitores.
A bússola para chegar aonde se quer, com segurança, está nos dados que, por se repetirem, criam padrões de comportamento e viram informação.
É claro que pode haver exceções que confirmam a regra.
Estou falando daquelas pessoas que têm uma liderança tão acentuada que vão atropelando qualquer campanha organizada ou estratégia de marketing que se coloque à sua frente.
Mas, convenhamos, não é todos os dias que aparecem fenômenos de votos como Bolsonoro, Lula ou Jânio Quadros.
Não será diferente nas campanhas a prefeito deste ano nas cidades brasileiros.
Nada muito novo na frente de batalha
O uso de dados concretos em campanhas políticas não é algo novo e tem sido usado com sabedoria ao redor do mundo, já não é de hoje.
Um estrategista político chegou à campanha do partido democrata na eleição para presidente dos Estados Unidos em 2012.
O homem era apaixonado por dados e informações, as quais usava de forma competente, pavimentando, com muita eficiência, a estrada que levou Obama à vitória, numa disputa que trazia sinais de nebulosidade no trajeto.
Por ter se saído melhor no primeiro debate, o candidato Republicano, Mitt Romney, chegou a levar vantagem em algumas pesquisas.
Fazendo cruzamentos complexos de informações que, depois, transformava em estatísticas reveladoras, o marketeiro foi cirúrgico em determinadas situações.
Houve estratégias desse profissional que geraram artigos em vários idiomas e foram temas de estudo em várias universidades.Numa estratégia colocada em prática no Estado da Flórida, importante colégio eleitoral americano, o bruxo do marketing segmentou o eleitorado de forma a poder enviar mensagens quase personalizadas a grupos de eleitores.
Como resultado, todos sabem, Obama foi reeleito.
É claro que não se pode cravar que tudo se deve ao estrategista, Mr. Jim Messina. De qualquer forma o fato é que a vitória na Flórida foi bem ampla e virou modelo de referência para outras campanhas.
Eleições locais
Quanto ao Brasil, é possível afirmar, com certeza, que o acesso a dados e informações hoje em dia é muito mais amplo do que era há doze anos.
Sites de órgãos do governo, como IBGE, MEC, TSE e quase todos os outros portais públicos de internet estão disponíveis e abertos ao público.
Já há alguns anos, os chamados portais da transparência de prefeituras, estados e do governo federal, vêm se tornando comuns e cada vez mais complexos – seja por força da legislação, seja porque a tecnologia chegou de forma irreversível ao setor público.
Com algumas análises, cruzam-se diversas informações e eis que surge uma informação que fará a campanha economizar dinheiro, tempo e esforço do candidato ou candidata.
Mais importante que isso: aumenta a eficácia da campanha.
Informações para cada fase da campanha
Acho inconcebível que uma campanha municipal se inicie sem que todos os colaboradores conheçam os dados mais básicos e, a partir deles, comece a traçar rumos.
Seriam as pesquisas eleitorais as primeiras fornecedoras de dados para a campanha? Penso que, antes de tudo, é necessário obter algumas informações sobre o eleitorado: Como está distribuído quanto à idade, ao gênero e à escolaridade. Dimensionar os locais de votação também pode ser importante para direcionar a campanha, pois muitos eleitores votam em colégios da região onde moram.
Está tudo no lá no site do TSE, de forma pública e gratuita e à espera de ser processada para uso inteligente e produtivo.
Por exemplo, nas bases de dados oficiais há como saber o número de instituições de ensino que oferecem creches, quantas crianças e quantos professores existem por turma e, por aí vai.
Tem como saber os hábitos de consumo e os comentários que as mães de crianças em idade de estar na creche fazem no Insta e no Face? Tem, sim! Aí paga-se um pouquinho, mas tem ferramenta na internet que classifica os usuários das redes sociais, seus hábitos, suas preferências e a frequência com que leem e postam mensagens.
Participei ativamente de diversas campanhas eleitorais, entre elas três eleições de prefeito. Como qualquer pessoa experiente eu estou seguro que a estruturação dos dados e a campanha baseada em estatísticas não é capaz de substituir a conversa de pé de orelha, os rumores em volta das mesas de sinuca dos bairros ou influência dos líderes comunitários.
Uma coisa completa a outra!
De uma coisa podemos ter certeza: quem não planejar e conduzir uma campanha política a partir de um diagnóstico elaborado a partir de informações concretas corre o risco de chegar exausto e sem forças ao dia das eleições.
Vivemos tempos de tecnologia farta e disponível. Hoje possibilidades nunca antes imaginadas de fazer um recado chegar aos ouvidos e olhos que interessam e depressinha, a jato pode-se dizer.
Para encerrar refletindo: as máquinas e os homens se completam, nos dias atuais.
Temos ao nosso dispor a chamada Inteligência Artificial Generativa, aquelas que obedecem aos nossos comandos e fazem muitas coisas que pedimos, temos as máquinas que aprendem, mas não temos máquinas criativas, perspicazes, improvisadoras, com humor oportuno e sensíveis.
Para isso temos as mulheres, os homens e os marketeiros.
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