Participação da comunidade melhora os resultados da educação
O exemplo do Chile
Um dos fatores primordiais para a evolução da educação básica pública é a participação da comunidade, conforme relata o Relatório dos resultados do PISA, Programa internacional de avaliação da leitura, da matemática e das ciências.
Esse programa é uma iniciativa da OCDE, “Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico” (Veja mais sobre “OCDE” em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/ocde.htm) e avalia meninos e meninos de 15 anos de países membros e de convidados.
O Brasil participou de todas as edições, que ocorrem a cada 3 anos desde o ano 2000. A edição de 2021 ficou para 2022. Os resultados já foram divulgados e o Brasil não foi bem.
Os estudantes fazem provas de leitura, matemática e ciências e o desempenho dos estudantes brasileiros fica sempre abaixo da média mundial. Pior que isso, ficamos atrás de alguns países aqui da América do Sul, como Colômbia, Uruguai e Chile.
Isso vem acontecendo já há alguns anos e o Ministério da Educação vem mostrando grande preocupação, pois isso diminui muito a nossa capacidade de competição no mercado de trabalho, especialmente na atualidade, com as portas do mundo escancaradas para novas atividades ligadas à tecnologias e à possibilidade concreta de se trabalhar a partir da própria casa, o chamado home office.
Em suas análises o Ministério da Educação faz análises detalhadas dos relatórios do PISA e o faz comparando os resultados brasileiros a países como Portugal e Espanha. A justificativa para essa escolha seria de que são países culturalmente mais póximos do Brasil.
Eu preferi dar uma olhada com mais atenção para o desempenho do Chile, por ser aqui muito mais próximo e, como nós, não ganhar em Euros e nem tem vizinhança tão rica para servir de referência e troca de experiências.
Nenhuma crítica apenas mudei de critério.
Pois bem, fui tentar ver o que eles fazem de diferente em relação ao Brasil e uma das coisas que percebi é exatamente aquilo que comentei no início do texto, ou seja a participação comunitária. Lá isso é bem estabelecido e bem valorizado.
A imagem que ilustra esta matéria é de uma reunião que conta, inclusive com a presença do Prefeito.
Mas por que isso é importante?
A participação comunitária e escolar é um elemento essencial para o desenvolvimento de uma educação de qualidade e duradoura, ou seja sustentável ao longo do tempo.
No Chile, essa prática é amplamente promovida, envolvendo ativamente a comunidade e as famílias no processo educacional. As escolas chilenas reconhecem a importância da colaboração entre professores, pais e a comunidade local para criar um ambiente educacional mais integrado e eficaz.
Benefícios da Participação Comunitária
- Melhoria do Desempenho Escolar: Pesquisas indicam que a participação dos pais e da comunidade está correlacionada com a melhoria do desempenho acadêmico dos alunos. A presença e o envolvimento ativo dos pais incentivam os alunos a se esforçarem mais e a valorizar a educação.
- Redução da Evasão Escolar: Quando a comunidade está envolvida, há uma maior vigilância e apoio aos alunos, o que contribui para a diminuição das taxas de abandono escolar. Programas de mentoria e suporte podem ajudar os alunos a superar dificuldades e a permanecerem na escola.
- Fortalecimento do Vínculo Escola-Comunidade: A integração entre escola e comunidade cria um ambiente mais acolhedor e seguro para os alunos. Projetos comunitários, eventos escolares e reuniões frequentes são exemplos de atividades que fortalecem esses laços.
- Educação Integral: A colaboração comunitária permite uma abordagem mais holística da educação, onde o aprendizado não se limita ao conteúdo acadêmico, mas inclui também valores, habilidades sociais e cidadania.
Participação das Famílias na Educação
No contexto chileno, as escolas incentivam fortemente a participação das famílias, entendendo que os pais desempenham um papel crucial no desenvolvimento educacional de seus filhos. Essa participação pode se manifestar de várias formas:
- Reuniões e Conselhos Escolares: As escolas organizam reuniões regulares entre pais e professores para discutir o progresso dos alunos, identificar necessidades e planejar ações conjuntas. Os conselhos escolares, que incluem representantes dos pais, são fóruns importantes para a tomada de decisões e a formulação de políticas escolares.
- Voluntariado e Atividades Escolares: Pais e familiares são incentivados a participar de atividades voluntárias na escola, como ajudar em eventos, colaborar em projetos educativos e participar de campanhas de arrecadação de fundos. Essa participação ativa cria um ambiente de cooperação e apoio mútuo.
- Comunicação Aberta: Estabelecer canais de comunicação eficazes entre a escola e as famílias é fundamental. Ferramentas como newsletters, aplicativos de comunicação escolar e reuniões individuais ajudam a manter os pais informados e engajados no processo educativo.
Desafios e Perspectivas
Apesar dos benefícios, a implementação da participação comunitária e familiar na educação enfrenta desafios. Entre eles estão:
- Desigualdade Socioeconômica: Em áreas mais pobres, a participação dos pais pode ser limitada devido a fatores como longas jornadas de trabalho, falta de tempo e recursos. É necessário desenvolver estratégias específicas para envolver essas famílias.
- Capacitação e Formação: Professores e administradores escolares precisam ser capacitados para promover e gerenciar a participação comunitária de maneira eficaz. Isso inclui habilidades de comunicação, mediação de conflitos e gestão de projetos colaborativos.
- Sustentabilidade: Manter a participação ativa ao longo do tempo requer esforços contínuos e a criação de estruturas que suportem essa colaboração de forma sustentável.
Pode não ser possível imitar, mas não seria o caso de adaptação à nossa realidade?
A experiência chilena na promoção da participação comunitária e das famílias na educação serve como um exemplo valioso de como a integração entre escola, família e comunidade pode beneficiar o sistema educacional. Ao trabalhar juntos, esses atores criam um ambiente mais robusto e acolhedor para os alunos, promovendo um desenvolvimento educacional mais completo e sustentável.
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